Preconceito racial: na escola Aninha virou saci

Chamada de Saci Pererê e tia Anástácia, foi na escola que Aninha descobriu que era negra e foi humilhada por isso.
Texto de Ana Maria Fernandes
Ilustração a 4 mãos de Marisa Di Giaimo e Arnaldo Passos

” Um abraço negro,um sorriso negro/, trás felicidade/, negro sem emprego fica sem sossego, negro é a raiz da liberdade ” – Jovelina Pérola Negra
Até ir para a escola quando completei sete anos de idade, não tinha consciência que tinha a pele preta , pois venho de uma família miscigenada de pretos e indígenas e um tantinho de sangue europeu ,e lá em casa havia entre meus irmãos havia alguns de pele branca, parda e pretos e ninguém via diferença nisso. Éramos todos iguais, com cabelos sararás, lisos, encaracolados, pretos , castanhos, alourados e estava tudo bem. Mas na escola foi diferente . Lá eu descobri que a cor da pele era diferente, por um tempo eu fiquei entre tia Anastácia (que eu não sabia quem era), e o Saci. Tive de me desdobrar pra ser igual ou melhor que os outros alunos brancos. Minhas tranças com laços de fita, não foram passe para a igualdade . Eu era chamada para fazer leituras em festas cívicas e me diplomei com louvor (naquele tempo se formava também no quarto ano primário).

Quando moça também passei pelo preconceito, pois sempre diziam não era bom que um branco se casasse comigo ,”para não manchar a família branca”. Mas , mais uma vez, superei. Estudei , me formei , me casei , sou mãe, trabalhei na área da saúde e enveredei pelo caminho da cultura e cresci muito; acrescentei muito mais á minha vida; hoje convivo bem com minha diversidade e e tenho muito em mim dos meus ancestrais, negros, indígenas e europeus.

Mas hoje, Salve Zumbi dos Palmares, Gangá Zumba, salve os negros das senzalas,os que sofreram nos pelourinhos. Salve Dandara guerreira, os que trouxeram da nossa Mãe África essa riqueza que temos hoje. É bom saber que apesar da dor, o braço e o sangue do negro , foi a base deste país: nos portos, nas Minas de ouro, nos engenhos nos canaviais.
Existe racismo ? Existe.
Existe preconceito? Existe. Mas vamos nos conscientizando com as dificuldade, pois que somos iguais, já que toda dor é igual, tem a mesma intensidade e que debaixo de qualquer cor de pele, seja branca ,vermelha ou amarela, o sangue é sempre vermelho.
E salve a Virgem Negra Aparecida! Salve Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a protetora dos escravizados !!
Amém!!
Aninha M.F. /20/11/21

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