Os Diários do Ozores

O Cairo dos Deuses

Memórias modernas de uma terra milenar


DIÁRIOS DO EGITO 2025
Cairo — 22 maio de 2025

Chegada ao Cairo
Desembarquei na madrugada de hoje, dia 22 maio, no aeroporto internacional do Cairo mais precisamente às 02h30 da madrugada, vindo direto de Paris.

Havia contratado, desde o Brasil, um serviço de transfer do aeroporto ao hotel Seminaris, onde estou hospedado no centro da capital egípcia, e para minha surpresa o hotel está situado a uns 500 metros na praça Tahir e a mesma distância do centenário Museu Egipcio construído, em 1901, tendo como espelho o Museu Britânico.

Afinal, o governo de sua majestade, tutelou o Egito de 1882 até a revolução Egípcia, em 1952. É bom recordar que foi aqui, nessa praça Tahir, que caiu o governo Mubarack em 2011, após a chamada primavera árabe. Foi aqui, em fevereiro daquele ano, que se reuniu uma multidão calculada em mais de 2 milhões de pessoas para pedir a destituição do então governo.

Memórias de infância e a fascinação pelo Egito
O Egito sempre me encantou, desde os tempos de criança, quando assistia os seriados, sobre a vingança da múmia, nas matinês dominicais, nas telas do Cine Nove de Julho, na minha Araraquara de nascimento. E na minha adolescência, nos anos 1960, me apaixonei perdidamente por Cleópatra, com seus olhos violetas, quando da estreia do filme do mesmo nome estrelado por Elizabeth Taylor.

O Egito que nós conhecemos sempre foi mediado pela visão delirante de algum diretor hollywoodiano, mas agora, neste momento, estou no Cairo com viagem amanhã programada para a cidade de Assuã onde deverei embarcar para cruzerio que irá subir o Nilo durante três dias e depois retorno novamente ao Cairo.

Primeira manhã no Cairo
Dormi algumas horas e as 09h30 já estava em pé para o café da manhã no restaurante do hotel situado defronte ao lendário Nilo das mil e uma noites. Segui a pé em direção ao museu passando ao lado da praça Tahir. O caminho é fácil o mais difícil, no entanto, é atravessar as grandes avenidas. Praticamente não existe semáforos no Cairo, havia me explicado o guia na madrugada quando vinha do aeroporto para o hotel. Pior, é que por aqui os motoristas não respeitam os pedestres. Portanto, você deve ser ágil como um gato para atravessar as largas ruas e não ser atropelado. Os pedestres costumam atravessar as avenidas em grupo – já que não há faixa de pedestre no asfalto – não sei se para se sentirem mais confiantes ou para não serem atropeladas sozinhas. Sobrevi, ufa!

Visita ao Museu Egípcio
Finalmente, após sete décadas eis-me defronte ao suntuoso prédio que abriga o Museu Egipcio. Para entrar no prédio você se defronta a enorme numero de policiais ostentando uniformes das diferentes armas, do exército e da marinha com seus uniformes brancos.

O hall de entrada do museu já causa um impacto ao visitante. Um pé direito de uns 50 metros talvez? Já dá ao visitante um impacto do irá encontrar. A mim, em particular, que devorei livros e um número recorde de documentários sobre a vida dos faraós não deixa de se impressionar – ao vivo e a cores – as duas imensas estátuas de dois faraós cada lado da entrada do museu. De um lado Amenhotep e de outro o Ramsés II, o Grande, que foi o mais longevo governo na história dos faraós do Egito antigo. […]

Reflexões sobre a história e a cultura egípcia
A primeira múmia que eu havia visto na minha vida tinha sido no Museu Nacional do Rio de Janeiro mas, creio eu, que ela deve ter virado cinza depois do incêndio. Já a segunda e terceira múmia tinha visto no Museu Britânico e finalmente ontem vi mais múmias que poderia ver em toda minha vida. […]

Entre pirâmides e legados romanos
A estatua de Amenophis III e sua esposa são as maiores esculturas expostas e ocupam a parte central da nave principal do museu depois de um aclive em que você desce alguns degraus.

Por todas as salas você encontra imagens e bens materiais de instrumentos agrícolas, vestimentas, material de cozinha, joias, perfumes e muito mais que contam a história real das vidas humanas que viveram nessa época. […]

 

Vista do 14º andar: uma inspiração para a liberdade
Redigi e terminei esse texto que posto aqui para voces, do 14º andar do hotel Semiramis, e a vista tenho à frente a imensa praça Tahir, que em árabe que dizer libertação. Talvez o nome dessa praça seja inspirador para todos nós. Nos libertemos de todos os preconceitos para entendermos melhor nossos conterrâneos que dividem o aluguel na Gea, no mesmo período que estamos vivendo e aceitemos as diferenças e visões de mundo que existem em cada uma das nossas culturas.

Amanhã tem mais.


 

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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