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Malafaia e Marine Le Pen, tem mais em comum que um M no nome

Texto, vídeo e apresentação de Marcus Ozores

Diário do Fim do Mundo, domingo dia 10 de abril do ano de 2022 e depois do faião de ontem – afinal fui a um casamento do-la-dilá da minha república do tango de Higienópolis, o bairro dos coxinhas da Sampa Desvairada, estou de volta com ‘Só a poesia nos Salvará’.

Vocês podem não acreditar e tem  até direito ao cetismo, porém, cada dia que passa, tenho cada vez mais certeza de que ‘Só a poesia nos Salvará’ da irracionalidade e da tecnicidade do século XXI.

Hoje a tarde estava assistindo ao resultado das eleições francesas e novamente haverá segundo turno entre Macron e Marine Le Pen, representante do antigo partido nazista francês liderado pelo seu pai. E me veio imediatamente associação de Marine e Malafaia. Associação que não se deve ao fato dos dois nomes começarem pela letra M mas sim pela negação convicta de fatos históricos marcantes.

Marine Le Pen, durante muitas décadas negou a existência do holocasto judeu na II Guerra Mundial, nos dias atuais apenas seu pai, aos 93 anos, continua negando o Holocausto.

Daí vocês perguntarão e o que o Malafaca tem a ver com Marine Le Pen. Tudo, em se tratando de Mentiras e negação. E não é que o Malafaca veio às redes sociais ontem para negar que os pastores da tradicionalíssima Assembleia de Deus assaltaram os cofres do MEC.

Malafaca, diz que as denúncias feitas por dezenas de prefeitos contra os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura da outrora tradicionalíssima Assembleia de Deus e ao pastor presbiteriano Milton Ribeiro, ex-ministro, é tudo fruto da mente imaginativa do senador Randolfe Rodrigues que quer montar uma CPI.

Malafaca não explica porque pede tanto dinheiro, nas mídias sociais. Segundo o Malafaca o crente, para ficar próximo de Deus deve segundo el,e, mesmo estando desempregado, pedir uma graninha emprestada e usar a bufunfa ‘rara’ para o desempregado e  para dar o dízimo à igreja dele. Vale Pix, boleto, moedas, bitcoim. Pelo jeitão da coisa só vale dinheiro, aquela coisa antiga de rezar e orar não cola mais.

E como vocês, meus amigos virtuais e reais toda vez que me sinto assim esnucado espanto com o besteirol e sem resposta eu busco no bruxo de Lisboa sua sabedoria para tentar entender a obscuridade da alma humana. Por isso hoje fui buscar no livro ‘Guardador de Rebanhos’ do poeta Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa os versos do poema ‘Num dia excessivamente nítido’ na tentativa de encontrar uma explicação para o pastor do capitão.

GUARDADOR DE REBANHOS
Canto XLVII

NUM DIA EXCESSIVAMENTE NÍTIDO

Fernando Pessoa em selo do Correio de Portugal

Num dia excessivamente nítido,
Dia em que dava a vontade de ter trabalhado muito
Para nele não trabalhar nada,
Entrevi, como uma estrada por entre as árvores,
O que talvez seja o Grande Segredo,
Aquele Grande Mistério de que os poetas falsos falam.
Vi que não há Natureza,
Que Natureza não existe,
Que há montes, vales, planícies,
Que há árvores, flores, ervas,
Que há rios e pedras,
Mas que não há um todo a que isso pertença,
Que um conjunto real e verdadeiro
É uma doença das nossas ideias.
A Natureza é partes sem um todo.
Isto e talvez o tal mistério de que falam.
Foi isto o que sem pensar nem parar,
Acertei que devia ser a verdade
Que todos andam a achar e que não acham,
E que só eu, porque a não fui achar, achei.

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Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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