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O Brasil e a poesia surreal

 Diário do ano da peste de 28 de outubro de 2021 

Texto e vídeo Marcus Vinicius Ozores
Foto acervo da Biblioteca Roberto Piva 
E hoje é quinta feira, dia 28 de outubro e a vida segue seu caminho aqui na República Anarquista Livre dos Tupinambás de Barequeçaba onde continuo lançando meus protestos contra a irracionalidade com “Só a poesia nos Salvará”.
E vocês acreditam que o Bozo cria problema até na da minúscula cidade de Anguillara Veneta, a um pequeno município de apenas 4 mil habitantes localizado na região do Vêneto  Itália?  Por que?  Porque na verdade a prefeita, Alessandra Buoso, propôs e a Câmara Municpal aprovou um título de cidadão honorário a Bozo, já que o vilarejo é terra natal de um bisavô do presidente e está dando dor de cabeça para Alessandra que é de um partido de extrema direita. A Câmara aprovou o título e a oposição política e a população foi protestar contra a prefeita e os vereadores já que os gastos previstos para a festa da entrega de tal título honorífico ao capitão, que não deve saber o nome da cidade do seu bisavô , vai custar 9 mil euros, correspondente a 60% da verba disponível anualmente para eventos. Onde o capitão vai causa um tumulto surreal.
E para tentar compreender minimamente o Brasil surreal ,  só apelando aos versos do poeta surrealista Roberto Piva, nascido em Sampa em 1937 e falecido em Sampa em 2010. Roberto Piva foi adepto do surrealismo e influenciado pela geração beat, e a sua cidade natal a Sampa tão amada ele a via com um olhar altamente erotizado, acompanhado pela experiência com narcóticos e alucinógenos.
Roberto Piva frequentemente é classificado como um “poeta maldito” e, de fato, sua poesia evoca muitos poetas que são tradicionalmente considerados malditos, citando-os nominalmente grande parte das vezes.
Vou ler de Roberto Piva  dois  poemas:

1- Paranoia em Atrakan

almas
como icebergs
como velas
como manequins mecânicos
e o clímax fraudulento dos sanduíches almoços
sorvetes controles ansiedades
eu preciso cortar os cabelos da minha alma
eu preciso tomar colheradas de
Morte Absoluta
eu não enxergo mais nada
meu crânio diz que estou embriagado
suplícios genuflexões neuroses
psicanalistas espetando meu pobre
esqueleto em férias
eu apertava uma árvore contra meu peito
como se fosse um anjo
meus amores começam crescer
passam cadillacs sem sangue os helicópteros
mugem
minha alma minha canção bolsos abertos
da minha mente
eu sou uma alucinação na ponta de teus olhos
Marcus Vinicius Pazini Ozores, é jornalista e mestre em Sociologia, pela Unicamp. Foi assessor de imprensa dessa universidade onde continua como pesquisador . Trabalhou em grandes órgãos de mídia nacional> Aposentado, atualmente solta torpedos em versos de seu refúgio a praia de Baraqueçaba, em São Sebastião, onde reside.

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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