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Os Meninos Jesus abandonados

Diário do Ano da 2021

Texto e video Marcus Ozores
Marcus  Ozores, jornalista e mestre em Sociologia, pela Unicamp é cronista da Cancioneiro
Marcus Ozores, relembra hoje a crônica que fez em 24 dezembro de 2021
Hoje é sexta-feira, dia 24 de dezembro, véspera do Natal. E talvez o dia do Natal neste ano difícil para todos nós, de 2021, tenha caído num sábado. Afinal , é no sábado, como diz Vinícius de Moraes no seu belíssimo poema o ‘Dia da Criação’,  “que Jesus gosta de ver todo mundo bem”.
Mas hoje é dia 24 de dezembro, véspera da noite do Natal, e ao longo dessa noite , as famílias que seguem o cristianismo, se reunirão para jantar, trocarão muitos presentes lembrando, alguns poucos, é claro, que há exatos 2021 anos atrás , nascia lá em Belém, localizado no atual Estado da Palestina, vejam vocês, um menino cercado apenas do carinho dos pais. Não houve festa e a pobreza a cercava o nascimento desse menino. Aliás, o nascimento desse menino, batizado com o nome de Jesus, foi acompanhado – como nos lembram todos os anos os presépios montados nas igrejas católicas – com as imagens do pai, da mãe, de um burro e de um boi e uma criança numa manjedoura
O recém-nascido, por falta de berço, foi colocado numa manjedoura, sim. Isto é, aquele cocho onde se coloca comida para os bois e os cavalos e burros comerem. São Francisco de Assis, o primeiro a montar um presépio no mundo cristão, tomou todos esses cuidados para realçar a rusticidade, na tentativa de melhor explicar aos camponeses analfabetos e de vida simples, a importância do nascimento daquela criança que havia sido parida com a missão de salvar a humanidade.
O primeiro presépio foi montado no ano de 1223, numa igrejinha modesta e muito fria, pois essa época é inverno na Itália, na cidade montanhosa de Greccio. São Francisco tentava explicar àqueles simples camponeses que aquele menino, apesar de divino, era também humano e foi por isso que colocou o recém-nascido numa manjedoura,  cercado pelas imagens dos pais, do burro e do boi. Afinal, deve ter pensado São Francisco, como alguém pode nos salvar de alguma coisa se , afinal, não foi humano? Por isso, hoje para essa noite de véspera do dia de Natal de 2021, lerei para vocês o poema de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, que retrata o menino Jesus como humano. Afinal,  todos os dias nascem meninos Jesus na casa dos nossos familiares, nas casas dos vizinhos e nascem meninos Jesus que ainda dormem em simples manjedouras ou nas famílias mais pobres ainda, os meninos Jesus dormem nas ruas;  e também existem milhares de meninos Jesus abandonados ou que abandonaram suas famílias e que caminham como zumbis pelas ruas de todas as cidades. Esses meninos Jesus também nasceram divinos. Não se esqueçam de todos os meninos Jesus que existem no mundo, pois, afinal, é o menino Jesus humano que é divino. Vou ler para vocês do livro “Guardador de Rebanhos” de Alberto Caeiro, o poema:

Num meio-dia de fim de Primavera

Pitagoras Bom Pastor

Pitágoras Bom Pastor de Medeiros, é formado em direito e pós graduado em jornalismo digital

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