Homenaegado pela Câmara João Siqueira foi dos mais honestos prefeitos de S. Sebastião

A Câmara Municipal de São Sebastião homenageou esta semana João Augusto Siqueira, 86 anos, prefeito do município no período 1997/2000. A moção, de autoria do vereador Edivaldo Pereira Campos/PSDB, o Teimoso, destaca os 20 anos de restauro da igreja matriz.

Na época, o orçamento do município era de apenas 150 milhões. Os royalties da Petrobras chegariam somente no ano seguinte (o orçamento previsto para 2022 é 1,2 bilhão).

“Não tínhamos recursos para realizar a obra e a igreja já estava parcialmente interditada, mas conseguimos fazer o restauro deste patrimônio histórico buscando patrocínio junto às empresas Petrobras e Volkswagen”, relembra Siqueira.

Prefeito humanista

Curitibano, dentista formado na Universidade Federal do Paraná, João Siqueira está completando 60 anos de vida caiçara em solo sebastianense. Veio em 1962, recém-casado, com um grupo de amigos que tinha vivido uma experiência comunitária intensa em Lucélia, interior de SP.

“Aquela experiência me marcou, e até hoje tenho como concepção de vida e de política o serviço à comunidade”, diz. O objetivo do grupo era tocar o Hospital de Clínicas de São Sebastião, cujo prédio estava pronto mas não tinha corpo clínico. O grupo era formado pelo médico obstetra Zaire Rezende, depois eleito vereador, deputado federal e duas vezes prefeito de Uberlândia/MG; pelo cirurgião José Crispim de Carvalho Noronha; pelo médico anestesista Antônio Celso Escada, depois vereador e presidente da Câmara de São José dos Campos; e pelo casal Elisa Pinheiro Mendonça, obstetra, e Álvaro Mendonça, pediatra.

“Os animais vivem em grupo e têm um líder para tocar as coisas comuns. A vida é isto”

“Os animais vivem em grupo e têm um líder para tocar as coisas comuns. A vida é isto. A participação é fundamental, ninguém deve se isolar da política, pois ela interfere na vida diária do cidadão”, afirma João Siqueira.

Sindicalista, vereador e três vezes provedor do hospital, ao assumir a prefeitura encontrou um parco orçamento de 65 milhões, dívidas, salários do funcionalismo atrasados e 40 obras inacabadas, entre escolas, creches, postos de saúde e quadras esportivas. Ele terminou todas elas.

“Não importava quem tinha começado a obra, importava concluí-las. “

“Não importava quem tinha começado a obra, importava concluí-las. Trabalhamos sempre voltados para as necessidades básicas da população, preocupados em melhorar as condições de vida e oferecer serviços sempre melhores nas áreas de saúde, educação e transporte”, diz João Siqueira, que nunca sofreu um processo e teve todas as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas.

Foi ele o responsável pela construção da casa de idosos, pela recepção à Whitbread, uma das maiores regatas de veleiros do mundo, e pela compra da Praia Grande, que pertencia à Comgás e ia ser privatizada, com risco de se transformar num condomínio particular. Siqueira foi negociar com o governo do estado e conseguiu que o município comprasse a praia até as vertentes, transformando-a no Balneário dos Trabalhadores, atualmente tão frequentado pela população local. Ele também  recebeu um prêmio da UNICEF por manter 96 % das crianças na escola.

Hoje João Siqueira continua morando na mesma casa no Pontal da Cruz e tem apenas um carro na garagem. Não, ele não tem fuzil em casa, não é sócio de grandes empreendimentos, não viajou para Dubai nem para Amsterdã e não recebe investidas da Polícia Federal, apesar de sua esposa, Priscila, já ter sido perseguida e taxada de comunista nos anos duros da ditadura.

Esta casa, que Priscila hoje acha que está grande demais, na verdade fica pequena quando a turma toda desce: cinco filhos, quatro deles com doutorado, e oito netos, fora genros, nora, namorados/as e amigos…

A Hidrel apoia a Cancioneiro Caiçara