Texto e Fotos de Marcus Ozores
Diário de Paris, 17 de fevereiro de 2023
Temperatura a 15 graus em Paris, nesta sexta feira às 18h00. Mínima de 11 graus. Deu a louca na meteorologia, já é Primavera na França a persistir esse clima quente faltando mais de 30 dias para o fim oficial do inverno nestes lados acima do Equador. Para sair basta uma blusa de algodão e aquele único sobretudo para pau de toda hora.
E hoje foi dia de caminhar para o lado do boulevard Raspail e Rue de Rennes. Recomendo um pequeno restaurante, no boulevard Raspail, quase esquina com rue du Cherche Midi chamado ‘Tourne Bouchon’ de propriedade de uma família de tunisianos há pelo menos duas décadas, desde que frequento esse pequeno bistrô que serve um dos melhores couscous merguez da cidade. E tem um mousse chocolate, feito no bistrô, que é de tirar o fôlego. Preços bem ‘baradinhos’ como dizem os ‘brimos’ em Terras de Pindorama. Perguntei à Sara, esposa de Samir se eles haviam fechado durante a pandemia. Ela disse que os clientes pediram para não fechar e o bistrô não só sobreviveu como aumentou sensivelmente a clientela.
Na esquina do boulevard Raspail com a rua de Rennes resolvemos entrar a direita em direção a estação de Mont Parnasse. Logo se avista a Tour de Montparnasse inaugurada em 1973. A torre tem 209 metros de altura e mais de 50 andares. Na parte de baixo existe um imenso centro comercial que leva o nome do ex-presidente George Pompidou. Se você vier para Paris recomendo subir aqui na Tour, pois, você tem uma visão de 360º e a subida é feita em etapas mudando de elevador. É o mesmo sistema do antigo prédio do Banespa, hoje Santander. Se quiser subir compre ingresso antes no site na internet.
Mas o objetivo hoje era ir a loja da Uniqlo, uma loja de origem japonesa espalhada pelo mundo (menos no Brasil) com roupas de puro algodão do Egito, do Peru, lã da Índia, da Argentina e tem como meta ter produtos ecologicamente produzidos. O melhor disso tudo é o preço que é ‘baradinho’ ‘baradinho’, mesmo fazendo o cambio a 6×1. Mesmo assim é vantajoso comprar na Uniqlo. A loja da Uniqlo está localizada no prédio da FNAC, aliás no subsolo. Era lugar que eu e Wilma sempre vínhamos com Márcia e Zé Dias em tempos antigos.
Saindo da porta lateral da FNAC você se depara em frente com um prédio art déco onde hoje está instalada a Zara. Esse prédio, no entanto, foi a segunda sede a maior rede de minimercados de Paris chamada Felix Potin, nome do seu criador, fundado em 1844. Pois é, essa rede chegou a ter 1200 minimercados. A rede encerrou as atividades em 1996 e eu cheguei ainda a fazer compras nessa rede onde você podia encontrar um pouco de tudo. Lembra os mercadinhos de bairro do portugueses no Brasil. Ao findar a rede as lojas mudaram de nome e foram sendo assumidas pelos magrebinos e hoje boa parte está na mãos dos orientais de várias etnias e também tem muito indiano. As jornadas diárias de trabalho são esgotantes.
Um dos motivos que sempre retorno a Paris é porque adoro a cidade em primeiro lugar , mas em segundo e o mais importante é que aqui se pode andar na rua sem medo de ser roubado ou assaltado (não que não exista esse perigo real, mas não é nada comum ocorrer brutalidade). O que tem por aqui e muito, muito mesmo é o saudoso batedor de carteira aquele mestre do engano que você não vê e quando sente já era sua carteira foi surrupiada. Mesmo assim é muito pouco por esses lados e para nós, habitantes da Sampa Desvairada isso aqui é brincadeira e o melhor é que você pode voltar a pé para sua casa de noitão sem medo de ser emboscado por um motociclista.
Outro fato que me causou alegria é ver que em todas as esquinas há rebaixamento nas guias para os cadeirantes e todas pintadas de branco. As calçadas não têm buracos. Que inveja, que inveja. Eu que sou um caminhante contumaz sei o quando é duro caminhar nas calçadas de Sampa e, pior ainda, em Campinas. Não tem uma calçada que não tenha buraco. A Paulista e a Glicério, uma cópia mixuruca da Paulista, estão todas esburacadas. Saindo desses duas avenidas modelos nem se fala, fuja para não quebrar o pé.
Amanhã tem mais.