Cantinho da Priscila Siqueira

Nunca vi tanta displicência com o povo Sebastianense

 

Amigos e amigas  desta nossa terra caiçara,

Em tantos anos que vivo em São Sebastião-mais de sessenta – nunca vi uma Câmara de Vereadores e um Executivo Municipal tão displicentes na luta pelos diretos e bem estar dos cidadãos do município como agora.

O prefeito Felipe Augusto teve suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado – TCE, no exercício do ano de 2020, com 45 irregularidades apontadas pelo TCE. Isso em plena pandemia, com verba que seria destinada à saúde da população.

Apesar de tudo, a base política do prefeito – composta por oito vereadores aprovou as contas de Felipe Augusto, sem a qual não poderia concorrer a um cargo elegível.

Vejam bem, , esses vereadores foram até contra à Comissão de Finanças da própria Câmara Municipal que os orientou a não aprovar as contas do prefeito.

Para piorar o descalabro que tivemos de assistir, tem um vereador – Diego  Nabuco do PSDB – que foi flagrado por sua assistente em trajes menores, abusando de uma senhora que estava nua e que lhe teria ido pedir a ajuda para arranjar um emprego. A assistente e sua companheira de trabalho pediram demissão imediatamente após esse incidente e fizeram um Boletim de Ocorrência – BO, para confirmar o que tinham visto.

O vereador do PSDB foi punido??? Não, dois advogados (pagos por quem?…) conseguiram que Nabuco voltasse à Câmara. E a senhora abusada, o que foi feito dela? Algum dos vereadores a defendeu, procurou saber o que tinha ocorrido?

Pois é, amigos e amigas . O desrespeito mostrado à Mulher pela maioria dos vereadores de São Sebastião é notório. Em uma sessão de Câmara de 2022 que caiu no Dia Internacional da Mulher – oito de março, a Associação de Amparo à Mulher Sebastianense havia sido convidada pela falar sobre a condição feminina em nosso município.

Nessa mesma reunião o então presidente da Câmara, vereador Reis – PSB, apesentou um pedido de impeachment de Felipe Augusto. O pedido estava baseado em dois boletins de ocorrência feitos pela então primeira dama e outro pela atual primeira dama. Ambas, mães de filhos de Felipe Augusto. Os BOs  mostravam que o prefeito havia agredido fisicamente as duas mulheres. Vide link 

O processo de impeachment de Felipe Augusto mostrava que conforme a Constituição Brasileira o Homem Público tem de ter um comportamento ilibado como cidadão. E quem bate em mulher não tem esse comportamento.

Foto Câmara Federal

Pois bem, em pleno dia Internacional da Mulher, quando são lembrados seus Direitos Humanos, o impeachment de Felipe Augusto foi rejeitado pelos oito homens do prefeito. Isso sem nem uma discussão sobre a matéria…

Estamos em ano eleitoral. Nós mulheres somos a maioria de votantes em nosso País. Não podemos esquecer os nomes dos vereadores que concordam com o desrespeito e com a violência contra nós. Será que é assim que tratam suas esposas, mães e irmãs ?!…

Amigos e amigas, chego a pensar que esses edis esqueceram que vieram ao mundo da bendita barriga de uma mulher!…

 

Priscila Siqueira

Paranaense, nascida em 1939, Priscila Siqueira formou-se em jornalismo na antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Agora aposentada, trabalhou por muitos anos na Grande Imprensa nacional :Agência Folha de São Paulo, Agência Estado (jornais O Estado de S.Paulo, o extinto Jornal da Tarde e Rádio El Dourado) e no jornal Valeparaibano. Como jornalista teve a oportunidade de presenciar a expulsão dos caiçaras - o caboclo do litoral - de suas praias pela especulação imobiliária, decorrente a abertura da Rodovia BR 101, no seu trecho de Santos - Rio de Janeiro. Dessa experiência, surge seu primeiro livro “Genocídio dos Caiçaras“, em 1984. Jornalista especializada na questão ambiental, cobriu a Constituinte do Meio Ambiente de 88. Como ativista ambiental, foi uma das fundadoras da SOS Mata Atlântica, Movimento de Preservação de São Sebastião- MOPRESS e presidente da Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro. Em 1996, participou do Congresso Mundial contra a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes, na cidade de Estocolmo realizado pela rainha Sílvia da Suécia e a UNICEF- Nações Unidas para a Infância. Foi professora na antiga Escola Normal de São Sebastião, além de dar aulas no Centro Universitário Salesiano de São Paulo- UNISAL, e na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo- FESPSP, em cursos de pós graduação lato sensu, sobre a Violência à Mulher, Prostituição Feminina e Tráfico de Mulheres e de Meninas.

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