Crônica de João Batista Antunes – Joban
Ilustrações de Rubens Negrini Pastorelli (aquarelas sobre Ubatuba)
Estávamos viajando em nosso carro, eu e meu filho. Ele era o condutor do automóvel, porque eu não tenho habilitação. Não me lembro qual era o nosso destino, mas já estávamos na estrada por um longo tempo e por isso eu cochilei. Quando acordei, percebi que estávamos em uma rodovia que margeava uma praia. Então pensei: ” estamos no litoral”. A praia tinha algo de familiar. Pensei na Praia Grande da minha Ubatuba, mas reparei que os quiosques construídos ao longo da praia eram diferentes. Eram quiosques rústicos como cabanas de madeiras assim como foi idealizada por um ex-prefeito de nossa cidade e não grandes lanchonetes plantadas na praia tirando a visão do mar.
A viagem continuou até que chegamos na cidade e percebemos que estávamos na avenida da praia. Quanta semelhança com a minha cidade! Parecia que eu estava na minha antiga Ubatuba. Avenida arborizada, com espaços gramados para as pessoas ficarem sob as sombras de amendoeiras e palmeiras para momentos de lazer e confraternização.
Fiquei curioso de saber o nome daquela cidade em que chegamos e por isso perguntei a uma pessoa que estava passando:
– Amigo qual o nome desta cidade? – E ele respondeu:
– Não sei. Sou novo nessa cidade. Não sei o nome dela
Perguntei para outras pessoas que estavam no local e a resposta era mesma: “eu não sei”. Até que eu encontrei uma senhora que muito prestativa me disse:
– Eu moro e fui criada aqui, tenho setenta anos de idade por isso minha memória anda falha, também não lembro o nome da minha linda cidade, mas vou ajudá-lo a descobrir. Vamos falar com o pipoqueiro aquele senhor idoso ali, ele deve vender pipoca muito tempo aqui na avenida da praia, com certeza deve saber o nome. Vamos falar com o pipoqueiro.
Mas o pipoqueiro literalmente pipocou, tinha um problema na fala. Tentou nos falar, mas era incompreensível. Tudo o que ele dizia, não fazia sentido. Continuávamos ainda no desconhecimento do nome da cidade. Passou um pescador levando uma fieira de peixe e eu disse à senhora: – -Esse senhor deve saber o nome, já que ele é um pescador.
Perguntamos a ele, mas era mudo. Respondeu na língua de sinais e como nós não conhecemos a língua de sinais, continuamos sem saber o nome da cidade. Eu sugeri procurar saber na prefeitura, mas a senhora me respondeu:
– Hoje é vermelho (feriado) . A prefeitura está fechada.
Agradeci àquela bondosa senhora e voltei para o carro. Sentei-me desconsolado pensando uma maneira de descobrir o nome daquela cidade que se assemelhava com a minha antiga Ubatuba. Devia ter um nome lindo assim como o que a minha cidade tem. Foi quando meu filho falou:
– Pai, acorda chegamos ao nosso destino.
Acordei. Percebi que foi apenas um sonho. Porque toda a cidade tem seu nome e todo cidadão tem orgulho do nome da sua cidade e jamais esqueceria o nome dela. Graças a Deus foi apenas um sonho!
O Ilustrador e artista plastico Rubens
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