A Crônica do diaOs Diários do Ozores

A Poesia amazonense de Luiz Ruas

Diário do ano da peste do dia 27 de setembro de 2021

Texto,  e vídeo de Marcus Ozores

Foto “Manaus” de  Renan Braga-  via Unplash

E hoje é segunda feira dia 27 de setembro e após dois dias de descanso estou de volta ao universo virtual da internet comercial brasileira que esse ano comemora bodas de prata de existência. E hoje nós nos comunicarmos em linha direta é muito mais  fácil pelas mídias sociais e , principalmente , pelo zap nem sempre foi assim. Quando a internet surgiu aqui em terras tupiniquins o acesso  discado e para se conectar as vezes você só conseguia após várias horas de tentativa e como era lenta, vixe  senhor jesuis cristinho… vixe  santa maria dos desajustados.

De acordo com a última PNAD de 2019, já que o atual governo suspendeu toda informação sobre nós mesmos,  a internet estava presente em 83% das moradias brasileiras. A população do mundo beira hoje a 7,5 bilhões de habitantes e segundo dados internacionais existem atualmente 5,5 bilhões de celulares plugados na internet sem falar em tablets, computadores de mesa, tv inteligentes, etc …  etc.. etecetera. Então vamos ao mundo virtual digital em busca de fama de 15 segundos e quiçá fortuna igualmente volúvel.
E por isso nossa nau da língua portuguesa que continua ancorada na beira do rio Negro, na terra dos temíveis Manaós, lança as nossas granadas contra o besteirol nacional com “Só a poesia nos Salvará” . E hoje visitamos os versos de mais um poeta das selvas amazônicas Luiz Augusto de Lima Ruas,  nascido em Manaus em 1931 e na capital amazonense falecido em 2000, também conhecido como Padre Luiz Ruas ou Padre Ruas, foi sacerdote, poeta, jornalista, radialista, ensaísta e professor. Exerceu o magistério em escolas de nível médio e na Universidade Federal do Amazonas. Em razão das posições políticas que defendia, Luiz Ruas foi vítima de perseguições durante o Regime Militar de 1964. Foi um dos mais ativos membros do Clube da Madrugada, de Manaus, um associação literária artística criada em 1954 em Manaus. Vou ler para vocês dois belíssimos poemas de Padre Ruas.

1- Apocalipse

Os meteoros ameaçam nossos jardins.

É hora de decolarmos

Para a infinitude do silêncio dilatado

Com nossas asas de sonho

Antes que a terra exploda

E se escancare como a fauce

De uma desmedida flor carnívora

Faminta de nossos corpos.

Não mais teremos tempo

De colher o fruto do nosso canto

Os meteoros ameaçam nossos campos.

Os mares cobrirão nossas faces;

Os vulcões ressecarão nossos ossos;

As mãos, os ventres, os sexos

Murcharão sob o fogo das estrelas

Que cairão sobre vales e colinas.

Os meteoros ameaçam nossos rios.

É tempo de partirmos para o espanto desmedido.

Do que fomos, fizemos ou cantamos,

Ficará, apenas, o invisível traço

Do vôo da ave indivisível

Que se consumiu no espaço.

SONETOS AUTOBIOGRÁFICOS

 Cântico VIII

O cais está deserto. A noite é vasta.

O vento sopra fino. As águas negras

Paradas se repousam das fadigas

De naves que partiram soluçantes.

As luzes tremeluzem cochilantes

Dos negros postes magros penduradas.

Do guarda, os passos lerdos, sonolentos,

Acordam surdos ecos nas distâncias.

E a sombra do seu corpo se projeta

No longo tombadilho do silêncio

Escura e densa como ponte armada

Do cais para o silêncio da água negra,

Do fim para o começo de outro dia

Do pranto de quem fica ao de quem parte.

Curtam nossa Rádio e os nosso vídeos. Leiam as outras matérias. Nos fazemos a Cancioneiro Caiçara para defender a cultura caiçara e caipira. O que nos move é o amor

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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