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O derretimento Terra e a poesia de Drumond

Texto, vídeo e apresentação de  Marcus  Ozores

Diário do Fim do Mundo, quinta feira, dia 07 de abril do ano que está se derretendo de 2022 e continuo aqui, na Sampa desalmada , com o ‘Só a poesia nos Salvará’ tentando em vão afastar a insanidade geral.

Noticias publicadas essa semana passada, mostram que o nosso planeta Terra está simplesmente derretendo, sim vocês escutaram corretamente. O planeta Terra está se dissolvendo e o que comprova essa afirmação é que as temperaturas registraram, nos dois Polos, temperaturas em até 50 graus centigrados acima do normal.

A estação de pesquisa Concordia, da Antártida, (não confundir com Antártica a ex-cerveja brasileira) localizada a 3.234 metros de altitude, registrou na sexta-feira, dia 1 de abril, a temperatura de -12,2 ºC. A questão é que a média por lá é 70 graus mais baixa do que isso, já que no Polo Sul é inicio do
inverno.

Ao mesmo tempo, pesquisadores do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo em Boulder, no Colorado (EUA), estavam de olho nas temperaturas do Ártico (Polo Norte)– que estavam em alguns pontos 50 graus mais altas do que a média.

E enquanto isso, nós os inquilinos da Terra,  continuamos  guerreando, destruindo e queimando florestas, gastando mais combustível fóssil (aliás, o capitão está para aprovar lei permitindo uso do carvão industrial para seus amigos). A humanidade continua  jogando plásticos nos Oceanos. E continuamos vivendo como se não houvesse o Amanhã.

E por isso vou ler hoje para vocês um poema do nosso poeta maior das montanhas das Gerais, Carlos Drummond de Andrade, que num poema publicado no livro ‘Menino Antigo’ de 1973, já apontava para a destruição das suas tão amadas e inspiradoras montanhas de Itabira. O poema que vou ler é:

O MAIOR TREM DO MUNDO

Carlos Drumond – Foto  Wikimedia Commons

 

 

 

 

 

 

 

O maior trem do mundo
Leva minha terra
Para a Alemanha
Leva minha terra
Para o Canadá
Leva minha terra
Para o Japão

O maior trem do mundo
Puxado por cinco locomotivas a óleo diesel
Engatadas geminadas desembestadas
Leva meu tempo, minha infância, minha vida
Triturada em 163 vagões de minério e destruição

O maior trem do mundo
Transporta a coisa mínima do mundo
Meu coração itabirano

Lá vai o trem maior do mundo
Vai serpenteando, vai sumindo
E um dia, eu sei não voltará
Pois nem terra nem coração existem mais.

Leia mais de Marcus Ozores e Drumond em https://editora.cancioneirocaicara.com.br/carlos-drumond-e-a-modernidade/

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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