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Dias “Mulheres” virão

A Opinião da Cancioneiro Caiçara

Por Priscila Siqueira

Encerrando o mês da Mulher   

No último dia deste Mês de Março, Mês da Mulher, – tema amplamente discutido durante todo o mês aqui na Cancioneiro- , gostaria de contar um causo presenciado por mim.

Lá pelas décadas de 80, os movimentos de mulheres na capital paulista estavam pipocando, em consequência de uma nova consciência do valor e dignidade da mulher na sociedade.  Um desses encontros estava sendo liderado por jovens senhoras da classe média alta paulista, todas brancas, bonitas e bem vestidas. Também na reunião, havia numerosas mulheres pobres, moradoras da periferia paulistana. Em um dado momento, uma as coordenadoras falou entusiasmada para uma senhora muito simples que a ouvia atentamente:

-“A senhora tem todo direito de ter um orgasmo  quando faz sexo com seu marido”!… Ao que a outra respondeu:- “Se meus quatro filhos saíssem de cima da gente, quando fazemos amor, até que daria. Mas com todos eles olhando, fica difícil” …

Mãe com muitos filhos: foto public domains vectors

Vejam bem, primas e primos, a gente não pode nunca esquecer a realidade daquele ou aquela com a qual falamos. Talvez na cabeça da moça que coordenava a reunião, ela não poderia pensar que existem milhões de pessoas que dormem todas num só cama, a que existe em seu barraco.

Por que estou contando esse “causo”? Por que em nossa jornada por um País mais justo e igualitário não podemos descolar a luta pessoal com a de toda sociedade. Aquelas mulheres, apesar de terem a mesma dignidade como seres humanas, tinham vidas diferentes. Juntamente com a injustiça de gênero- vivida por ambas- havia a grande injustiça sócio econômica  que as separava.

Uma coisa é ser um garoto pobre e negro de nossa periferia, outra é ser o Rei Pelé. Ambos são afro descendentes mas um é pobre e o outro é milionário e famoso.

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Pois é, indignada por ver como alguns dos vereadores e prefeito de São Sebastião pensam em respeito à dignidade da mulher. Triste por ver a ausência e  omissão do Conselho dos Direitos da Mulher e da Coordenadoria da Mulher de nosso município, na defesa de mulheres agredidas covardemente pelo Chefe de Executivo Sebastianense, que não respeita nem mesmo aquelas que lhe deram filhos, mas com a esperança e alegria de quem acredita firmemente que a Vida vence a morte, apelo à primaiada que continuemos na luta por um município e um Brasil mais igualitário e fraterno.

Não desanimem, dias “mulheres” virão…

Hidrel

Leia também de Priscila Siqueira http://Tráfico humano : Os meninos traficados para prostituição – https://editora.cancioneirocaicara.com.br/trafico-humano-os-meninos-traficados-para-prostituicao/

Veja mais : Em 30 minutos, do vídeo abaixo ,  aprenda tudo sobre   a condição feminina na história da humanidade

(Entrevista de Priscila Siqueira ao nosso programa “Entre as Mulheres)

Priscila Siqueira

Priscila Dulce Daledone Siqueira Nasceu Ponta Grossa, PR, em 1939. Cursou jornalismo UFRJ; Foi pioneira no jornalismo ambiental. É uma das fundadoras do Movimento de Preservação de São Sebastião e da Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro, além de ser uma das fundadoras da SOS Mata Atlântica. Foi professora da Escola Normal de São Sebastião

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