A Crônica do diaOs Diários do Ozores

O Monólogo de Chico e os Mitos modernos

Diário de Pindorama

Texto, vídeo e apresentação Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pazini Ozores, é jornalista e mestre em Sociologia, pela Unicamp.

 

 

 

 

 

 

 

Diário de Pindorama, sábado, dia 19 de março de 2022 e este será o ano da peste política e das Fake News, que o diga o Telegram aquele aplicativo comunista russo. E para afastar o mal humor e o emburrecimento continuo firme com o ‘Só a poesia nos Salvará’ direto da capital da floresta amazônica, transmitindo do local onde se situava a oca principal dos Manaós.

E confesso, confesso que não matei Dana de Tefé, mas confesso, que não consigo entender nem o tal do comunismo e muito menos o velho e capenga capitalismo. Por isso faço um apelo sincero aos meus amigos e amigas – aqui do mundo virtual – para que me expliquem como se ganha dinheiro sem trabalhar e sem ter dinheiro.

A minha dúvida é carregada de fatos objetivos, já que nesses tempos pandêmicos de desemprego na casa dos 12%. e uma massa de 40 milhões de empresários informais – como os chama Paulo ‘Fora de Órbita’ Guedes – os canais televisivos, os jornais e revista ou que sobrou deles, mais as rádios e principalmente a internet, só tem anúncios ou de carros que a classe média nunca tem dinheiro para comprar ou então da XP investimento (aquela empresa sócia da Globo) e mais um milhão de picaretas dizendo que nós os expectadores somos um monte de tontos e que não sabemos ganhar dinheiro.

No face, instagram e twitter , são a casa de milhares de mágicos de Oz, diuturnamente,  dizendo que basta você colocar 10 pilas, isso mesmo, 10 patacas, 10 reaizinhos para iniciar sua carreira de sucesso e se tornar futuro milionário. E ainda prometem que – se você depositar 100 reaizinhos no banco virtual deles – o banco lhe dará de brinde mais 300 pilas todinho seu para gastar como quiser. Como? Deve ser pelo milagres dos pães e peixes na sua versão tropicalista temperado muita erva da boa.

Changpeng_Zhao_(2018) – Wikipedia

E olha que agora um Comunistão daqueles do país que o Bozo diz que é o país mais Comunista de todos – onde moram os terríveis comedores de criancinhas – isto é a terra do Centro do Mundo, também conhecida como a China, está chegando no Brasil. Agora o bilionário comunista chinês Changpeng Zhao, de 45, e ele tem o logo da Binance, a maior bolsa de ativos digitais do mundo tatuada no seu braço de comunistão.

Esse Zhao só pode ser agente infiltrado, um comunista com tatuagem de capitalista no braço que vem ensinar os filhos de Macunaíma aplicar o dinheiro – que não ganharam e que não tem. Para ensinar os Macunaímas, o tal de Zhao está comprando uma corretora de valores na Sampa Desvairada,  para ensinar os miseráveis favelados brasileiros enriquecerem. Dizem as más línguas que essa bolsa virtual é vizinha da terra do Peter Pan. Acredite quem quiser.

 

 

 

E como estamos falando sobre o mundo das aparências e da riqueza individual, hoje trago para vocês aqui ,não promessa de enriquecimento, mas um ‘Monólogo mundo moderno’ de autoria de Chico Anysio e que tem uma particularidade, pois, é construído com palavras que começam com a letra M, com exceção da primeira frase que é abertura do poema.

 

MONÓLOGO MUNDO MODERNO- Chico Anysio

Chico_Anysio-foto Wikipedia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E vamos falar do mundo, mundo moderno

marco malévolo

mesclando mentiras

modificando maneiras

mascarando maracutaias

majestoso manicômio

meu monólogo mostra

mentiras, mazelas, misérias, massacres

miscigenação

morticínio, maior maldade mundial

madrugada, matuto magro, macrocéfalo

mastiga média morna

monta matumbo malhado

munindo machado, martelo

mochila murcha

margeia mata maior

manhazinha move moinho

moendo macaxeira

mandioca

meio-dia mata marreco

manjar melhorzinho

meia-noite mima mulherzinha mimosa

maria morena

momento maravilha

motivação mútoa

mas monocórdia mesmice

muitos migram

mastilentos

maltrapilhos

morarão modestamente

malocas metropolitanas

mocambos miseráveis

menos moral

menos mantimentos

mais menosprezo

metade morre

mundo maligno

misturando mendigos maltratados

menores metralhados

militares mandões

meretrizes marafonas

mocinhas, meras meninas,

mariposas

mortificando-se moralmente

modestas moças maculadas

mercenárias mulheres marcadas

mundo medíocre

milionários montam mansões magníficas

melhor mármore

mobília mirabolante

máxima megalomania

mordomo, mercedez, motorista, mãos

magnatas manobrando milhões

mas maioria morre minguando!

moradia meiágua, menos, marquise

mundo maluco

máquina mortífera

mundo moderno melhore

melhore mais

melhore muito

melhore mesmo

merecemos

maldito mundo moderno

mundinho merda!

Chico Anysio

 

 

A Cancioneiro Caiçara tem o apoio cultural da Hidrel. Uma empresa genuinamente caiçara.

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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