A importância de uma mãe para a sociedade

Toda a mãe deveria receber por criar um filho (e não estou falando de licença maternidade).
Por Liv Soban

Eu nunca desejei realmente ter filho. Aliás, a minha vida foi toda focada em planos específicos e filhos nunca tiveram espaço em nenhum deles. Nunca quis entender a maternidade e, confesso, que julguei milhares de mulheres que se tornaram mães e tomaram rumos diferentes em suas jornadas. Eu, que sempre fui uma pessoa focada em trabalho, cresci trabalhando e fui feita assim. O lado profissional era meu lado com mais peso e espaço ocupado dentro de mim. E hoje descobri que a maternidade é o desafio profissional mais difícil que já tive.
E vou explicar o porquê.
A real é que nós criamos um filho para o mundo e para a sociedade. Este apego inicial é essencial para ele se estruturar, ganhar forma, e depois vem a parte mais difícil que é dar exemplos positivos e os melhores nutrientes, referências e conhecimento saudáveis para ele conseguir fazer boas cognições e para estar bem fisicamente e mentalmente. E, assim, podendo, o preparar para o seu tão esperado voo.
A parte do voo é muito difícil porque exige desapego e entendimento que, na verdade, este filho não é teu. Mas ela precisa ser feita. Nós, pais, precisamos deixá-los voar. Sabemos já que se decidirmos voar para o seu filho, o carregando nas costas, criaremos relações de co-dependência, e, por outro lado, não darmos o suporte necessário, resultará em asas quebradas, bicos machucados que, com sorte, levarão anos – ou décadas – para serem curados ou, pior, com a chance de se manterem lesionados por toda a existência. Então, dar toda a estrutura até vê-lo voando sozinho é a nossa missão.
“it takes a Village to raise a Child“
O ditado “it takes a Village to raise a Child” (precisa de uma vila inteira para criar uma criança) é muito verdadeiro e foi como muitas comunidades criaram suas crianças no passado. É impossível você dar tudo o que este ser precisa para voar lindamente estando sozinha. E este dizer não fala de ajudinha não, fala de responsabilidade. Todos seriam responsáveis pelas crianças. Só que, atualmente, este papel basicamente está focado em uma só pessoa: na mãe.
Ainda mais no Brasil onde, só em 2022, mais de 100 mil crianças foram registradas sem o nome do pai. E tantas milhares de outras que ainda têm o pai no papel, mas não em presença.
No final, é a mãe a responsável por entregar indivíduos saudáveis à sociedade. Indivíduos que trabalhem, que respeitem as regras do convívio social, que vivam com ética e empatia entre todos a sua volta. Que beneficie a sua volta, impactando positivamente. Se isto não for trabalho, eu não sei o que é.
A mãe, nesta jornada, aprende tantas funções e especializações que ela vira um verdadeiro mestre das artes gerais e específicas. De curar machucado à aula de álgebra. Tudo é a mãe que tem o maior envolvimento.
“Ah, mas esta é a sua função?”, dizem. E eu respondo: quem disse isto? A minha função natural seria fabricar, parir e amamentar. Onde foi que assinamos para ficar também com toda a criação?
E as mães, tomadas pela culpa – até por estarem em uma sociedade que faz tudo para as colocarem nesta posição -, assumem para elas toda a obrigação como natural e ainda ficam quietas porque se reclamarem, são apedrejadas em praça pública (sim, é uma metáfora nem tão metáfora assim).
Veja bem, não há nada que eu quero mais na minha vida do que criar a minha filha. Quero sim passar por todo o processo, com todo o meu amor e dedicação. Tenho a sorte e o privilégio de ter um companheiro e uma rede de apoio maravilhosa, mas não romantizarei uma obrigação imposta pela sociedade que, além de tudo, é injusta e burra.
“Cultive pessoas”
Burra porque como diz o ditado chinês: “se quer um ano de bons resultados, cultive arroz, se quer dez, árvores e se quer cem, cultive pessoas”. Não há como manter uma sociedade producente sem boas pessoas nela.
O papel da mãe, neste contexto, é essencial para a continuação de uma sociedade estruturada e positiva. A mãe esta que é julgada por tudo e todos, que ainda é marginalizada e não é aceita caso não faça esta obrigação e ainda preencha rapidamente todos os papéis possíveis (mulher, profissional, dona de casa…), é a chave para uma sociedade sustentável, uma vez que todos da vila passaram a apontar e não se responsabilizar.
Se eu fosse o governo e as empresas, trataria as mães como um asset muito poderoso. O futuro de todos está nas mãos delas. Que deveriam ser reverenciadas e remuneradas para garantir o tempo necessário para criar bem todas as crianças, e assim, todos os voos teriam grandes chances de serem com segurança, aptidão e a certeza de colocar na sociedade indivíduos prontos, aptos e bons para o mundo.
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