O causo do Garrincha , a Ucrânia e Mario de Andrade

Diário de Pindorama
Crônica, vídeo e apresentação de Marcus Ozores

Diário de Pindorama, quinta-feira, dia 24 de março do ano no Nosso Senhor Jesuscristinho de 2022 e seguimos firme no nosso propósito de afastar o mau humor com ‘Só a poesia nos Salvará’.
Salvar do que? Só mesmo se Hamlet saísse do mundo dos mortos para decidir.
Meus amigos e amigas virtuais, desculpem a minha ignorância, mas preciso que me ajudem num esclarecimento. A questão é a seguinte. Hoje completou um mês desde que a Rússia decidiu invadir a Ucrânia. E nesse curto período nunca vi surgir tanto comentarista e especialista em geopolítica e historiador da Rússia, Ucrânia, comunismo, capitalismo, cor-de- burro quando-foge, engana-qui-gosto, Russomano, russosogra, etc…
Daí me lembrei de um livro publicado no inicio dos anos de 1960 intitulado ‘Subterrâneos do Futebol’ de autoria do jornalista e técnico João Saldanha, comunista de carteirinha. Tem um capitulo nesse livro, que Saldanha – que era intimo de Guarrincha , de quem era técnico no Botafogo – narra as proezas do ponta direita, na Copa do Mundo de 1958. Guarrincha foi um dos maiores ponta direita da história do futebol até hoje, porém, e como sempre lembro a vocês que na vida sempre existem muitos poréns, o grande futebolista era tanto quanto limitado e não prestava muito a atenção nas coisas do mundo real.

No dia 15 de junho de 1958 Brasil e Rússia se enfrentaram na primeira fase. Era um jogo decisivo para os dois times e a Rússia era a favorita. Antes do jogo, o técnico da seleção brasileira Vicente Feola, reuniu o time e começou a preleção e empolgado narrava o que ia acontecer e finalizava ‘dai passa para o Garrincha que dribla do beque o faz o gol’. Na segunda vez que Feola descreveu o que ia acontecer Guarrincha interrompeu Feola e disse: “Mas você combinou tudo isso com os russos?”.
Bem, é mais ou menos assim que me sinto com tantos entendidos sobre geopolítica, Rússia e Putin. Será que eles combinaram tudo isso com os russos?
E como o besteirol é a unanimidade nacional aproveito para ler hoje um pequena crônica do paulistano Mário de Andrade um artista multifacetado e um dos mais importantes nome da semana de Arte moderna de 1922.
MODA DO BRIGADEIRO

Poema de Mario de Andrade
O brigadeiro Jordão
Possuiu êstes latifundios
Dos quais o metro quadrado
Vale hoje uns nove milreis.
Puxa! Que homem felizardo
O brigadeiro Jordão!…
Tinha casa tinha pão,
Roupa lavada e engomada
E terras…Qual terras! mundos
De pastos e pinheirais!
Que troças em perspectiva…
Nem pensava em serrarias
Nem fundava sanatórios
Nem gado apascentaria!
Vendia tudo por oito
E com a bolada no bolso
Ia no largo do Arouche
Comprar aquelas pequenas
Que moram numa pensão!
Mas não são minhas as terras do brigadeiro Jordão…

Your point of view caught my eye and was very interesting. Thanks. I have a question for you.