Nostalgia da Ubatuba de antigamente

Memórias Caiçaras de Ubatuba
Texto Ana Maria Fernandes
Ilustração aquarela de Rubens Negrini Pastorelli ( O casãrão de Ubatuba em 1940)
Foram se as ruas descalças, da minha Ubatuba , onde os lampiões de antigamente, iluminavam a noite.
Já não se vê nas varandas os banquinhos para a conversa fiada de fim de tarde.
E na praias desertas, não há mais redes penduradas, nem canoas ao largo.
É que , infelizmente ,a profecia da poetisa se cumpriu :
“Dos pescadores que lançavam redes,
Só resta a lembrança
ou um quadro na parede ”
As assombrações, assustadas com as luzes que fizeram da noite, dia, mudaram-se.
Os pardais que dormiam na amendoeira em frente, fugiram do barulho, do progresso, do homem.
Estou aprendendo a dormir sem o barulho das ondas, é a acordar com o ruído dos motores.
É o Progresso! E é em nome dele, que pago mais caro o peixe é a banana, que fazem parte dos meus dias.
Enfrento filas.
Mas em meio a tudo isso, o mar permanece, ora verde,ora azul, embora com menos peixes.
Não sou antiga, mas sinto falta do pipocar das canoas na madrugada, ao encontro das redes
de espera e do sabiá que anunciava a primavera.
Ana Maria Fernandes – Para o Pirão Geral 2004

