Valeu Zumbi , Eu não pedi pra ser preto, foi sorte nascer assim.

Poema de causas, de causos ou de cousass
Por Piágoras Bom Pastor
Ilustação Arnaldo Passos
Inauguro hoje, oficialmente, uma coluna de poesia chamada de Poema de Causas , de causos e do cousas. Mas por que esse nome? Porque queremos mostrar uma poesia comprometida com a defesa de causas. A poesia ecolóica, a poesia social, a poesia antirracista etc. A poesia de causos é aquela que tenha bom humor , mas que também defenda causos e de cousas, é aquela que complementa a essas duas , sempre tendo em vista, o amor , o humor e a cidadania
Um dia passeando pelo facebook encontrei essa frase do jovem poeta e MC https://www.facebook.com/ronald.roni.125
“E não pedi ser preto, foi sorte nascer assim!”
Menino pobre e na época em difícil situação, ele mostrou , ao contrário do que se esperava, uma energia e uma sabedoria muito grande para se reconhece e se impor. Chamei para o grupo de poesia que crie e lider, o FIEIRA DE TIMBOPEVA e chamei para fazer uma poesia coletiva. Ache que ficou linda. Dela participei eu ,o menino Ronald, e Djalma Barra Seca, representante de outro povo , discriminado e ameaçado, o povo Caiçara.
o Poema Ficou assim :
ORGULHO DA NEGRITUDE – TEMA DO JOVEM POETA Ronald Roni ( foto abaixo,
” Não pedi pra Ser preto. Foi sorte.”
A Proposta então é a gente falar da negritude e nossas raízes na mãe África.
1 – Pitágoras Bom Pastor

Não pedi pra ser preto ,
Foi sorte nascer assim
Todas as forças da África
Eu trago dentro de mim.
De Zumbi trago a coragem,
De Oxalá eu trago a fé,
Invencível igual Pelé,
Gostoso como café.
Trago do samba a cadência,
O jazz, o rock e soul
Tenho na minha essência
A força da resistência
Que meu povo me ensinou.
Pros pretos dou saravá,
Pros brancos desejo axé,
Respeitem a minha cor,
Minhas dores, minha fé.
E esse Brasil foi feito
Pelo suor dessa gente
Que inda clama o direito
De viver honradamente.
Com paz , amor e respeito
Sem piada ou preconceito,
Sem ser o eterno suspeito,
Com toda honra e o Direito
Pois Deus nos fez igualmente.
2- Ronald Roni

Perdoe-me pelo jeito de ser
Perdoe-me pelo jeito de pensar
Sou do jeito que sou
Isso ninguém pode mudar .
Sangue Brasileiro corre na veias
Cultura e raça é africano,
Pra não dividir meu amor entre os dois
Criei minha origem. “Brasifricano” ….
Berimbau na roda de capoeira
Alegra e a roda canta;
berimbau é berimbau bau
Pedaço de arame pedaço de pau .
O samba toca
As sambistas sambam,
Pois quem samba e canta
Os males espanta.
Admiro muito a África
Ainda mais sua negritude
Uso seu nome como origem
E sua cultura como virtude.
Sou forte como um escravo
Penso como africano
Jeito de Brasileiro
Sou Brasifricano
3- Djalma de Oliveira Barra Seca

Guiné, Benguela, Congo, Bantos,
Cruzam o Atlântico perdem a fé
sabe-se lá se algum lugar chegará
nos porões com ratos, um destrato.
Darwin na Bahia com muito pesar
diz que uma negra de tanto apanhar
corre corre e se atira de um abismo
para que o sofrimento possa cessar
Amarra no tronco para povo ver
Açoite chicote faz sangue escorrer
Foram tratados como uns animais
Para atender os desejos do poder
Corre nego, corre para gamboa
Rasga a mata fechada na força
Foge da crueldade dessa gente
Súplica refúgio, corre da forca
A princesa assinou um decreto
Caneta de pena risca o papel
Caem os grilhões viva Lei Àurea
vem meu povo para o festejo
Vem para o jongo vem dançar
Venha linda mulata a saia girar
No batido dos seus tambores
Sentimentos se sente no pulsar
Em nossa história, de envergonhar
Explorando, se construiu este país
Pisando na cabeça dos negros
Sempre os coronéis a desdenhar
* Ps.. Charles Darwin, em visita ao Brasil, relata em seu livro que ao passar pela Bahia presencia uma cena de extrema crueldade . Após uma negra ser açoitada, vê a escrava se jogando de um precipício, tamanha era o sofrimento da tortura
Em suas palavra em um pequeno mas tocante texto ele diz : ” Por todos lugares neste mundo por onde passei jamais, vi cenas de tamanha brutalidade com um ser humano”


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