O Capitão e Pôncio Pilatos


Diário do Fim do Mundo
Crônica , vídeo e apresentação de Marcus Vinicius Ozores
Diário do Fim do Mundo, segunda feira, dia 9 de maio do ano escuro de 2022 e eu sigo firme aqui na minha filial da República Livre Anarquista da Sampa desvairada com ‘Só a poesia nos Salvará’.
E hoje estava eu, pela manhã, lendo um artigo de um analista de mídias sociais e me deparei com um trecho que o autor destacou de uma entrevista que o Capitão concedeu á Rádio Jovem Pan, aliás só podia ser mesmo a Jovem Pan, em 8 de junho de 2016, em que o Capitão disse , em alto e bom som:
“O erro da ditadura foi torturar e não matar”. (capitão)
Com a xícara de café quente na mão, eu fiquei a pensar ,como uma pessoa como o Capitão pode ter tanto ódio de um Ser Humano – semelhante a ele (eu tenho algumas dúvidas que ele tenha semelhança com outros Sapiens) – porque o individuo que é torturado, além de preso, imobilizado, de torturado é vítima o riso dos seus algozes, e o Capitão diz que o erro foi não ter matado esses caras que ele chama de comunistas. Aliás, o ídolo do Capitão, é o coronel Brilhante Ustra, que torturou pessoalmente centenas de jovens de 18 a 25 , anos com extrema dureza e sem demonstrar nenhuma compaixão
Minha conclusão é que o Capitão – que se diz seguidor de todas as matizes do cristianismo – deve ser um profundo admirador de Pôncio Pilatos, aquele, lembram , que lavou as mãos e ordenou a tortura e morte de Cristo?
Pois é, como o Cristianismo é sinônimo de compaixão, vocês tirem as suas próprias conclusões sobre as atitudes do Capitão.
Daí, me lembrei que o Papa Francisco, em abril de 2017, na missa que fez na cidade do Cairo, capital do Egito, disse uma frase emblemática:
“É melhor não acreditar em Deus do que ser um “falso crente”. ( Papa Francisco)
Em tempos que os falsos cristãos e falsos profetas , sempre que preciso compreender melhor as diferentes falas do mundo , recorro ao Oráculo de Lisboa, na busca de uma explicação para sandice nacional.
E hoje leio, de Alberto Caeiro, o canto IX do Guardador de Rebanhos que tem o título de Sou guardador de rebanhos. Lembrando que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do Oráculo, Fernando Pessoa.
Sou um guardador de rebanhos.

Canto IX
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

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