Cantinho da Priscila Siqueira

As Mentiras da Grande Imprensa

Do apoio ao golpe militar à perseguição de líderes populares: a história por trás das câmeras

A Globo e seus 60 anos de influência

 

Qualquer brasileiro que tenha um aparelho de TV em casa está ciente dos 60 anos da Rede Globo de Televisão. Afinal, a grande maioria de nós assiste à televisão todos os dias.

Por vezes, até podemos nos emocionar com tantas coisas boas que essa rede de comunicação é capaz de oferecer: novelas bem produzidas, festivais culturais, campanhas de arrecadação para projetos sociais (vale notar que não mais em parceria com a Unicef…), programas jornalísticos 24 horas por dia, entre outras realizações.

 

No entanto, o que poucos conhecem é o lado antidemocrático desse poderoso grupo. Como dizia o músico Geraldo Vandré, sua intenção parece ser transformar os brasileiros no “gado que a gente toca”, moldando o pensamento do telespectador conforme seus próprios interesses.

 

Uma origem vinculada ao regime militar

 

Os mais velhos, como eu, talvez se lembrem de que a Globo surgiu um ano após o golpe militar de 1964. O objetivo inicial da rede era estabelecer uma linha única de informação, ligando o país de norte a sul. Dessa forma, buscava-se criar uma mentalidade homogênea em todo o território nacional.

 

A serviço dos poderosos

 

O jornalista Fernando Morais fez uma pesquisa esclarecedora sobre o papel da Globo em prol dos grandes grupos econômicos do Brasil. De seu vasto levantamento, destacamos alguns pontos:

 

De 1962 a 1967, a Globo firmou um acordo ilegal, proibido pela Constituição da época, com o grupo norte-americano Time-Life.

 

A empresa de Roberto Marinho usou seu poder midiático para apoiar integralmente o golpe de 1964.

 

Foi a Globo que popularizou o lema “Brasil: ame-o ou deixe-o”.

 

Festejou o chamado “milagre econômico”, que favoreceu principalmente os mais ricos.

 

Ignorou completamente, no início, o movimento das Diretas Já.

 

 

Contra Lula e Dilma

 

Apoiou o presidente prisioneiro Collor nas eleições em que competiu com Lula. Aliás, sempre se mostrou um inimigo declarado de Lula: “Como assim, um operário presidente?”

 

Massacrou a presidenta Dilma com noticiários negativos que começavam de madrugada e só terminavam à noite.

E o que é ainda mais desumano: não deu notícias sobre os desaparecimentos, mortes e torturas de tantos brasileiros durante os anos de chumbo da ditadura militar.

 

Imprensa e elite: uma velha parceria

 

Segundo o sociólogo Jessé Souza, a grande imprensa brasileira, de propriedade de grupos particulares, está a serviço de uma elite econômica que, desde os primórdios de nossa história, usa o Estado para servir aos seus próprios interesses.

 

Veja o exemplo do agronegócio: um setor que não paga impostos relevantes ao Brasil, mas que, segundo a Globo, “é top”.

 

Informação com senso crítico

 

Não dá para simplesmente ignorar as notícias que nos são oferecidas pela grande imprensa. Elas fazem parte do nosso cotidiano e, querendo ou não, moldam o debate público.

 

Mas é fundamental desenvolver um espírito crítico sobre aquilo que vemos e ouvimos. Só assim poderemos construir uma sociedade mais justa, plural e consciente da própria história.

 

Priscila Siqueira

Paranaense, nascida em 1939, Priscila Siqueira formou-se em jornalismo na antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Agora aposentada, trabalhou por muitos anos na Grande Imprensa nacional :Agência Folha de São Paulo, Agência Estado (jornais O Estado de S.Paulo, o extinto Jornal da Tarde e Rádio El Dourado) e no jornal Valeparaibano. Como jornalista teve a oportunidade de presenciar a expulsão dos caiçaras - o caboclo do litoral - de suas praias pela especulação imobiliária, decorrente a abertura da Rodovia BR 101, no seu trecho de Santos - Rio de Janeiro. Dessa experiência, surge seu primeiro livro “Genocídio dos Caiçaras“, em 1984. Jornalista especializada na questão ambiental, cobriu a Constituinte do Meio Ambiente de 88. Como ativista ambiental, foi uma das fundadoras da SOS Mata Atlântica, Movimento de Preservação de São Sebastião- MOPRESS e presidente da Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro. Em 1996, participou do Congresso Mundial contra a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes, na cidade de Estocolmo realizado pela rainha Sílvia da Suécia e a UNICEF- Nações Unidas para a Infância. Foi professora na antiga Escola Normal de São Sebastião, além de dar aulas no Centro Universitário Salesiano de São Paulo- UNISAL, e na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo- FESPSP, em cursos de pós graduação lato sensu, sobre a Violência à Mulher, Prostituição Feminina e Tráfico de Mulheres e de Meninas.

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