Os Diários do Ozores

Carta a Jesus Cristinho

 

Diário do ano da peste

Por Marcus Ozores

Foto e vídeo Marcus Pasini

Hoje é segunda feira dia 23 e nuvens cinzas cobrem as Terras de Pindorama nesse mês de agosto. E continuo aqui na minha república anarquista dos Tupinambás de Barequeçaba lançando “Só a poesia nos Salvará”.

E hoje eu zapeei para o nosso Senhor Jesus Cristinho para um brevíssimo comentário que transcrevo aqui para vocês:

“Prezado Jesus Cristinho. Como já nos conhecemos a bastante tempo vou tratá-lo por você daqui para frente e tirar o tal do Senhor. E é por isso que escrevo para um brevíssimo comentário sobre atitude daqueles que seu Pai criou aqui na Terra e, no Brasil, em particular, á imagem e semelhança dele, o seu Pai. O que não entendo Jesus Cristinho é que o seu pai Deus é o Deus de Israel e Deus dos Cristãos. Não consigo entender Jesus Cristinho como que seu pai quando aparece como Deus de Israel fala sempre em vingança e blasfema dizendo que uma ofensa se paga com olho por olho. Já seu pai Deus quando senta no trono lá no céu – ao lado daquela pomba branca que eu não gosto mesmo porque caga no chão desde o céu – e fica do seu lado que está na Cruz para servir de modelo àqueles que seguem você aqui na Terra fica todo bondoso. Afinal, foi você Jesus Cristinho quem nos ensinou a sermos caridosos, a cuidar dos menos favorecidos. E você também sempre insistiu em que todos nós respeitássemos nossos semelhantes como a nós mesmos. Parece Jesus Cristinho que depois que você foi embora há exatos 2021 anos não conseguiria se identificar com nenhum templo que diz que segue a ética em seu nome e em nome do seu pai. Infelizmente tenho que confessar para você que você teve uma dedicação intensa em acompanhar aí do Céu a vida aqui na Terra mas acho que aquele outro Deus que sempre competiu com seu pai – aquele Deus que responde por vários apelidos como Din Din, paus, bufunfa e muito mais ganhou a parada por aqui.

A república anarquista dos Tupinambás de Baraqueçaba em  uma tarde dessas. 

E nossa nau da língua portuguesa permanece ancorada na costa africana e desta vez visita a poesia de Guiné Bissau outra ex-colônia portuguesa que só conseguiu sua liberdade após a revolução dos cravos em 1974. E hoje visitamos os versos do ex-combatente e ex-preso político Hélder Magno Proença Mendes Tavares , conhecido como Hélcio Proença nascido em 1956 e assassinado em Bissau no dia 5 de junho de 2009. foi um escritor, professor e político da Guiné-Bissau, havendo lutado na guerra de independência do país, na década de 1970.

Desde a adolescência que Proença escrevia poemas sob a temática anti-colonialista, que resultou na publicação, em 1977, da primeira antologia poética guinense, sob sua coordenação, entre outros, e que também prefáciou, intitulada “Mantenhamos Para Quem Luta!”.

NÃO POSSO ADIAR A PALAVRA

Quando te propus

um amanhecer diferente

a terra ainda fervia em lavas

e os homens ainda eram bestas ferozes

Quando te propus

a conquista do futuro

vazias eram as mios

negras como breu o silêncio da resposta

Quando te propus

o acumular de forças

o sangue nómada e igual

Coagulava em todos os cárceres

em toda a terra

e em todos os homens

Quando te propus

um amanhecer diferente, amor

a eternidade voraz das nossas dores

era igual a “Deus Pai todo-poderoso criador dos céus

e da [terra”

Quando te propus

olhos secos, pés na terra, e convicção firme

surdos eram os céus e a terra

receptivos as balas e punhais

as amaldiçoavam cada existência nossa

Quando te propus

abraçar a história, amor

tantas foram as esperanças comidas

insondável a fé forjada

no extenso breu de canto e morte

Foi assim que te propus

no circuito de lágrimas e fogo. Povo meu

o hastear eterno do nosso sangue

para um amanhecer diferente!

Marcus Vinicius Pazini Ozores, é jornalista e mestre em Sociologia, pela Unicamp. Foi assessor de imprensa dessa universidade onde continua como pesquisador . Trabalhou em grandes órgãos de mídia nacional> Aposentado, atualmente solta torpedos em versos de seu refúgio a praia de Baraqueçaba, em São Sebastião, onde reside.

 

A Cancioneiro Caiçara tem o apoio cultural da Hidrel. Uma empresa genuinamente caiçara.

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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Um Comentário

  1. Rapaz,com todo o respeito, pegou pesado com Jesus Cristinho…e o poema então ?
    Mas as vezes temos que falar..e em linha direta …

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