Piano esta de luto

Diário do ano da peste de 31 de outubro de 2021
Texto e vídeo Marcus Ozores
Foto : Pianista Nelson Freire – Via wikipédia
E hoje é segunda feira dia 1 de novembro, num meio de feriado de Finados amanhã, dia 2 de novembro, E hoje é um dia triste para nós brasileiros, que perdemos nosso mineirinho de Boa Esperança, o Nelson Freire, nascido há 77 anos atrás , no dia 18 de outubro de 1944. Nelson Freire começou a tocar piano aos 3 anos totalmente de ouvido, e aos 5 deu seu primeiro concerto e desde os 15 se mudou para a Europa para continuar seus estudos de piano e nunca mais voltou. Foi um dos mais requisitados pianistas do mundo, nas últimas décadas. Eu pessoalmente tive o privilégio de ver e ouvir Nelson Freire tocar inúmeras vezes no Brasil e em Paris.
No Brasil, assisti Nelson Freire várias vezes no Municipal e na Sala São Paulo e muitas vezes em Paris, pois, Nelson Freire sempre era um dos principais convidados para se apresentar, todos os janeiros, no Teatro de Chatelet. Nunca vou me esquecer de uma apresentação dele, num janeiro, há uma década, quando eu, no meio de um grupo de araraquarenses, fomos assistir apresentação do nosso mineirinho amado em Chatelet e ele voltou ao palco cinco vezes para bisar, sempre com um compositor brasileiro. Noite inesquecível que ele voltou ao palco mais de nove , vezes e foi aplaudido de pé – coisa raríssima em Paris.
E por isso continuo nas areias dos Tupinambás, lançando minhas granadas contra o mal humor nacional com o “Só a poesia nos Salvará”.
E hoje para nos despedirmos do nosso minerim amado, Nelson Freire lerei a letra / poema “Piano Bar”. do grupo Engenheiros do Hawaii, uma banda gaúcha formada por quatro alunos de arquitetura da URGS , que surgiu no cenário musical brasileiro em janeiro de 1985 e encerrou as atividades em 2008.
PIANO BAR
O que você me pede eu não posso fazer
assim você me perde, eu perco você
como um barco perde o rumo
como uma árvore no outono perde a cor
o que você não pode eu não vou te pedir
o que você não quer eu não quero insistir
diga a verdade, doa a quem doer
doe sangue e me dê seu telefone
todos os dias eu venho ao mesmo lugar
às vezes fica longe, difícil de encontrar
mas, quando o neon é bom
toda noite é noite de luar
no táxi que me trouxe até aqui
o Bob Marley me dava razão
Nas últimas do esporte, hora certa, crime e religião
Na verdade nada
é uma palavra esperando tradução
toda vez que falta luz
toda vez que algo nos faltar
o invisível nos salta aos olhos
um salto no escuro, da piscina
o fogo ilumina muito,
por muito pouco tempo,
em muito pouco tempo o fogo apaga tudo
tudo um dia, vira luz
toda vez que falta luz,
o invisível nos salta aos olhos
ontem à noite eu conheci uma guria
já era tarde, era quase dia
era o princípio
num precipício era o meu corpo que caia
ontem a noite, a noite tava fria
tudo queimava, nada aquecia
ela apareceu, parecia tão sozinha
parecia que era minha aquela solidão
ontem à noite eu conheci uma guria
que eu já conhecia de outros carnavais
com outras fantasias
ela apareceu, parecia tão sozinha
parecia que era minha aquela solidão
no início era um precipício
Teu corpo que caia
depois virou um vício
foi tão difícil acordar no outro dia
ela apareceu, parecia tão sozinha
parecia que era minha aquela solidão
Ô mundo da música fica mais triste com a morte do pianista Nelson Freire.Ficam as lembranças dos concertos ,de sua história de vida.Que descanse em paz.