Por Pitágoras Bom Pastor
Mais uma aldeia indígena invadida. Trombas dágua em Ubatuba e Paraty e áreas de marinha à venda; o que o caiçara tem com isso?
Garimpeiros armados, invadiram nessa quinta feira santa, dia 14, a aldeia Karimaa, na Terra Indígena Xipaya, segundo informou a cacica Juma Xipaya em vídeo publicado em uma rede social.
Juma contou que eles chegaram em uma balsa de grande porte, com maquinários para a extração de ouro, descendo o Rio Iriri.
Na ocasião, o pai dela, Francisco Kuruaya, foi agredido por garimpeiro armados com socos e empurrões. Entretanto, com sorte ele, escapou e conseguiu retornar à sua aldeia , e de lá pelo Whatsapp, pediu apoio outras lideranças indígenas, para conter a invasão.
No território Xipaya, -que fica distante 400 Km de Altamira, no sudeste do estado do Pará -, vivem cerca de 200 indígenas. O risco de agravamento conflito na área ainda é muito
E o caiçara com isso?
Caiçara nascida e criada na margem do Rio Juqueriquerê, a professora doutora em Sociologia da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha, Sílvia Paes, utilizou-se das suas redes sociais para denunciar a invasão. Sílvia costuma dizer em suas conversas , que se considera índia da tribo caiçara.
A professora Sílvia. não é a primeira nem a única a entender os fortes laços da cultura e do povo caiçara com o povo indígena. É fato reconhecido que caiçara, em sua maioria, é miscigenado com negro, branco e índio, mas é desse último que ele demonstra ter maior herança, tanto genética quanto cultural.
Pau que dá em Chico dá em Francisco
No passado recente, “tribos” de caiçaras foram retiradas de suas terras com uso violência. O caso mais emblemático no litoral norte, foi o conflito de terras ocorrido, na década de 60 , no bairro da Enseada de São Sebastião e que atingiu até os bairros do Jaraguá e Abra de Dentro, de Caraguatatuba.
Um deputado ,seus jagunços e a violência
Na época, um deputado, apoiador da Ditadura Militar, adquiriu um título de propriedade da Fazenda São Manoel do Jaraguá, e com o apoio de jagunços armados, obrigou os caiçaras que lá viviam como posseiros a abandonar as terras que cultivavam para a própria subsistência, apesar de suas posses serem de boa fé e de boa procedência.
Na década de oitenta ouvi relatos de antigos posseiros no bairro do Jaraguá, que testemunharam o assassinato de caiçaras , mas a violência foi encoberto , por causa da censura à imprensa, o que faz com que esse conflito seja pouco conhecido atualmente.
Desmatamento na Amazônia são a causa das trombas dágua
A preservação das terras indígenas e das comunidades tradicionais caiçaras é a maneira mais viável e barata para preservação do nosso ecossistema. Já está mais que evidente, que são as mudanças climáticas, a causa dessas catástrofes provocadas pelas chuvas, como as que, recentemente, atingiram Petrópolis, Paraty e Ubatuba, com a ocorrência de centenas de mortos e de desabrigados. O fato é que caiçaras e indígenas dependem do meio ambiente para sobreviver, por isso se preocupam com a sua preservação.
Nosso colunista Marcus Ozores, em crônica recente, alertou que a temperatura nas então chamadas geleiras eternas, aumentou em até 50°. Veja em https://editora.cancioneirocaicara.com.br/o-derretimento-do-gelo-e-do-planeta-e-a-poesia-de-drumond/ .
Há ainda mais um outro problema que nos ameaça. É que está em votação no Congresso Nacional – em regime de urgência- , o projeto de lei nº 4444/2021 , o qual propõe a privatização de praias , fato que também denunciamos. Veja no Link https://editora.cancioneirocaicara.com.br/projeto-de-lei-quer-impedir-pobres-de-frequentar-praia/ .
Hoje a imprensa noticiou , que o governo federal quer vender terrenos da União, em área de Marinha, com preço até 50% abaixo do valor venal. Certamente, essa medida deve ocasionar conflitos de terra na região e prejudicar o meio ambiente e a pesca artesanal. Por isso a Cancioneiro pretende acompanhar essa proposta , para assim alertar à comunidade
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